Antes de nascer um bebé, geralmente, já existe espaço para
ele no pensamento dos pais. Muitas vezes este é um processo que ocorre naturalmente
durante a gravidez e que conduz a toda uma idealização acerca do que vai ser o
bebé (p.e. aspectos físicos e psicológicos), à criação de expectativas em
relação ao modo como o relacionamento se irá dar e relativamente ao papel de
ser mãe/pai. Deste modo, não é apenas quando existe presença física do bebé que o
relacionamento entre os pais e o bebé se inicia. Assim, a partir do momento em
que o bebé começa a existir no pensamento dos pais, começa a fazer parte da
família e cria-se um relacionamento que, não sendo físico, é psicológico com a
criança.
Esta relação é marcada essencialmente pelas representações
mentais que os pais têm em relação ao filho, associadas a uma construção
psíquica por eles formada tendo em conta o seu passado (p.e. o modo como foram
os seus pais e como foram eles enquanto filhos) e aquilo que idealizam
relativamente ao papel que irão exercer. No entanto, é quando realizam
ecografias, quando sentem os movimentos fetais ou quando os médicos transmitem
informações sobre o bebé que esta relação pré-natal que se estabelece entre os
pais e o bebé vai sendo cada vez mais objectiva.
Por fim, quando existe o nascimento físico do bebé, o bebé
idealizado pelos pais vai ser adaptado ao bebé real, isto é, vão existir um
conjunto de ajustamentos entre aquilo que tinham imaginado e o bebé que
finalmente está com eles. Neste momento de adaptação através das interacções
físicas que se estabelecem com o bebé, o bebé dá-se a conhecer e os pais dão-se
a conhecer ao bebé mas já existe, habitualmente, uma abertura psíquica por
parte dos pais para receber o bebé e adaptar-se a ele, estabelecendo uma
relação de trocas recíprocas que originará uma relação afectiva cada vez mais
realista e intensa. Neste sentido, compreende-se a importância deste espaço
mental que é atribuído ao bebé mesmo antes do nascimento e a sua importância
para as relações que se vão estabelecer posteriormente com este.
Observação:
Este texto é uma pequena introdução ao tema que pretendo estudar na minha tese de mestrado. Actualmente, em termos teóricos o estudo da vinculação parental (de forma resumida significa ligação afectiva dos pais aos filhos) está mais aprofundada após o nascimento do bebé (até porque o autor deste conceito, Bowlby, refere que este apenas deve ser aplicado a partir dos 7 meses). No entanto, sabe-se que os pais antes da criança nascer já estabelecem uma relação afectiva com o bebé, que essa mesma relação determina o modo como o vão receber e que tem influência posteriormente na vinculação parental. Deste modo, uma vez que a ligação afectiva tem vindo a ser mais estudada nas mães do que nos pais e que a maioria dos estudos se focam na relação estabelecida entre os pais e o bebé depois do nascimento, pretendo contribuir para a compreensão desta relação pré-natal materna e paterna para assim perceber quando é que verdadeiramente nasce um bebé na família nuclear (mãe e pai) e quais são os factores que estão envolvidos numa maior ou menor ligação afectiva durante a gravidez.
Este texto é uma pequena introdução ao tema que pretendo estudar na minha tese de mestrado. Actualmente, em termos teóricos o estudo da vinculação parental (de forma resumida significa ligação afectiva dos pais aos filhos) está mais aprofundada após o nascimento do bebé (até porque o autor deste conceito, Bowlby, refere que este apenas deve ser aplicado a partir dos 7 meses). No entanto, sabe-se que os pais antes da criança nascer já estabelecem uma relação afectiva com o bebé, que essa mesma relação determina o modo como o vão receber e que tem influência posteriormente na vinculação parental. Deste modo, uma vez que a ligação afectiva tem vindo a ser mais estudada nas mães do que nos pais e que a maioria dos estudos se focam na relação estabelecida entre os pais e o bebé depois do nascimento, pretendo contribuir para a compreensão desta relação pré-natal materna e paterna para assim perceber quando é que verdadeiramente nasce um bebé na família nuclear (mãe e pai) e quais são os factores que estão envolvidos numa maior ou menor ligação afectiva durante a gravidez.
A designada "psicanálise da barriga da mãe"!
ResponderEliminarAhahah. Qual era o nome do tal livro? Deve ter mais de direito do que da relação dos pais com o bebé durante a gravidez mas quero ver na mesma ;)
EliminarNão é um livro. Foi uma expressão utilizada por um professor numa aula.
ResponderEliminarSim, eu sei, mas não é esse professor que tem um livro de direito onde aparecem referências à relação pré-natal dos pais com os bebés? :D
ResponderEliminarSim. Cito: " há também que atentar numa série de acontecimentos "anteriores ao parto", que vão pré-determinar a evolução futura do sistema de controlo da Administração, já que tudo aquilo que se passa ainda dentro da "barriga da mãe" pode vir, mais tarde, a influenciar o comportamento futuro do "bebé"."
EliminarEheh, muito mais interessante o livro de direito! Mas afinal, qual é o nome do livro? Dá lá as referências para ir cuscar na biblioteca a ver se há ;)
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