Objectivo do Blog

Este blog pertence a uma estudante de psicologia e pretende ser um local onde são colocados textos das diversas áreas temáticas do mundo da psicologia. O seu conteúdo é uma análise pessoal dos diversos temas junto com pesquisas em livros, internet e material académico.



Psicologia Desenvolvimento

Inconsistências- Da palavra à acção 
Todos podemos saber a nível moral o que é ou não correcto em determinada situação. Também a nível profissional são dadas as coordenadas correctas para que cada profissional se oriente e exerça a sua profissão de acordo com o que é esperado, mas, sabemos que o caminho entre a teoria e a prática não é linear e directo. O problema de inconsistências surge quando ao falarmos de um determinado assunto, ao defendermos uma determinada ideia, praticamos outra distinta.
Kohlberg (1969), psicólogo nova-iorquino que desenvolveu a teoria do desenvolvimento moral,refere que quanto maior é a cognição, ou seja, o conhecimento que temos acerca de determinado assunto maior será a associação com a sua prática. Daí ser bastante positivo o crescente aumento de programas de sensibilização a crianças e à população em geral para os vários problemas com que o mundo se defronta.
A nível educacional, existe também uma maior preocupação com a educação e consequentemente um aumento de livros relativos ao modo de educar as crianças. Ainda assim, principalmente ao nível educacional, é difícil alcançar o tal passo que vai da teoria à prática que os livros apesar de teorizarem não concebem. E, em qualquer mensagem que se trasmita existe sempre um processo de interpretação por parte de quem a está a receber. Basicamente, será a interpretação que cada um faz de uma determinada mensagem que vai então determinar a sua eficiência.
Esta interpretação ocorre do livro para o educador e posteriormente do educador para o educando. No entanto, considero que os pais, não devem desistir de transmitir os seus valores aos filhos ainda que a interpretação que eles façam da mensagem possa ser distinta daquela que os pais queriam. Aliás, pregar aos peixes é um provérbio que considero assustador. Para mim, qualquer mensagem que seja transmitida, se for persistente, consistente e viável trará os seus frutos. Não quero com isto dizer que uns pais alcoólicos que estão constantemente a dizer aos filhos para não o serem consigam passar a mensagem porque de certo que o exemplo que eles dão e sendo um dos principais modelos dos filhos estes irão tomar maior atenção aos comportamentos que ao que eles dizem.
Tal acontece porque aquilo que fazemos é mais facilmente recordado por nós e pelos outros do que aquilo que dizemos. São as acções que perduram no tempo e que constituem a nossa identidade pessoal e social. É por isso necessário um ajuste entre a teoria e a prática que, ainda que difícil deve ser elaborado para que a criança perceba o que é dito como sendo viável e consistente. Nunca devemos desistir de deixar a nossa semente mas mais do que deixar a semente é tentar mostrar uma cultura consistente com a semente que queremos cultivar.

Educação ao contrário

Hoje em dia, muitos são os episódios que recordamos como existindo falta de educação. Seja devido à poluição ambiental, aos palavrões ou aos comportamentos, todos assistimos a uma falta de valores cívicos. Mas, mais assustador ainda é quando percebemos a dinâmica familiar ao nível da relação parental. Aí, assistimos a uma verdadeira mudança no tempo, passaram a ser as crianças que comandam os pais e não o contrário. Hoje, quem dita as regras são os filhos e os pais alegando falta de tempo concentem tudo aquilo que os filhos desejam. Há, assim, uma troca de papéis insensata dada a inexperiência das crianças. As birras e os pedidos de atenção sempre existiram mas enquanto antigamente a palavra "Não" existia nas familias portuguesas, hoje foi trocada pela palavra "Claro que sim". Os pais deixaram de ter tempo para o invisível e para aquilo que só eles próprios podem dar aos filhos. Mais que isso, enganam-se e pensam que dando tudo o que o filho pede lhe estão a dar a segurança, o carinho e o amor que precisam. Falta limites às crianças de hoje. Elas não nasceram ensinadas e nunca vão saber o que é certo ou errado até alguém lhes explicar. A auto-confiança, segurança, controlo pessoal e realização adquirem-se através da atribuição de limites claros às crianças. Vários são os estudos que correlacionam a existência de limites com crianças mais felizes, sociáveis e controladas.
Pensando nas razões de tal mudança, rapidamente se percebe que a falta de tempo é a verdadeira razão. Os pais queixando-se de falta de tempo para passar com os filhos esquecem-se da qualidade do tempo que lhes resta. Pode ser considerada uma desculpa o facto de antigamente existirem mais donas de casa e mulheres inteiramente dedicadas à família mas basta analisar de perto a noção de família contemporânea para perceber que apesar da mulher ter um emprego e já não ser a típica dona de casa, o homem e pai de família também sofreram mudanças. Hoje, o pai é mais participativo na educação da criança e intervém mais ao nível da estimulação física e intelectual.
O aumento dos casos de violência física ou verbal (p.e.bullying), desregulação a nivel emocional e psiquico é fruto daquilo a que todos nós estamos expostos desde que nascemos, a família, um dos sistemas mais importantes para compreender a sociedade. Filósofo e matemático conhecido, Pitágoras, diz "Educa uma criança e não precisarás castigar os homens", Martinho Lutero, refere que "A familía é a fonte da prosperidade ou desgraça do povo". De facto, é importante apostar na educação da própria familia portuguesa que cada vez mais reverte o caminho e são os filhos a comandar os pais e não o contrário. Há necessidade de uma melhor qualidade das relações familiares principalmente para a transmissão e promoção do desenvolvimento moral da criança.


 Envolvimento Parental
Com a entrada da mulher no mundo do trabalho e a maior participação do pai na família existiu uma grande mudança ao nível das dinâmicas familiares (Cabrera, Tamis-LeMonda, Bradley, Hofferth & Lamb, 2000). O pai passou a ser alguém integrado na estrutura familiar, com responsabilidades e intervenção na educação dos seus filhos. A falta do modelo do pai pode causar impacto negativo na formação da identidade de género, desempenho psicossocial, desempenho escolar e de auto-controlo (Hetherington & Stanley-Hagan,1986; cit. por Cabrera, Tamis-LeMonda, Bradley, Hofferth & Lamb, 2000). No caso das raparigas, esta falta também é sentida ainda que não tenha tanto impacto. A imagem do pai ao longo do tempo foi evoluindo de um pai autoritário e ausente para um pai envolvido e cooperante na educação dos seus filhos, segundo Pleck e Pleck (1975) referido por Cabrera et. al (2000). Apesar da crescente participação, é a figura materna que está responsável por a maioria dos cuidados e pela organização das tarefas, sendo os pais maioritariamente mais responsáveis pelas actividades de lazer e brincadeira das crianças. Muitas vezes, são as próprias mães que incitam ou inibem o envolvimento paterno na vida das crianças. A qualidade do matrimónio parece, inclusivé, relacionada com o envolvimento dos pais e com a adequação social das próprias crianças (Gable, Crnic & Belsky, 1994). Assim, podemos perceber que existem mais benefícios quando existe um casamento estável e harmonioso e quando existe uma maior envolvencia paterna. Vários são os factores que podem contribuir para uma maior ou menor envolvência do pai:
  • Gravidez ser ou não planeada, sendo que existe maior envolvência no caso da gravidez ser planeada Axinn, Barber e Thornton (1998), referidos por Cabrera et al. (2000)
  • Caracteristicas individuais da própria criança: idade, género e temperamento. Relativamente ao género, alguns autores defendem que os pais parecem envolver-se mais quando as crianças são do sexo masculino e outros consideram indiferente o género
O estudo do envolvimento paterno parece estar associado ao desenvolvimento cognitivo e social da criança. Grossman, Grossman, Kindler e Zimmermann (2008) referem a teoria da vinculação como forma de explicar a envolvencia paterna e consideram que esta tem impactos não só ao nível da autonomia como da confiança. Estando maioritariamente relacionado com as brincadeiras, este é avaliado através do modo da interacção da criança nas diferentes brincadeiras. O grau de acessibilidade,calor humano e proximidade é referido como um factor que promove a segurança na exploração tendo impactos ao nível do vigor, confiança e entusiasmo das crianças na exploração quer dos brinquedos, quer do meio que a rodeia.
Bronfenbrenner(2005), considera o conceito de processo proximal em que o desenvolvimento intelectual, social, emocional e moral da criança está relacionado com interacções recíprocas e progressivamente mais complexas com pessoas mais velhas sendo a interacção com a mãe e com o pai distintas e ambas importantes para o desenvolvimento mais positivo. O estabelecimento destes padrões de interacção, segundo este autor, estão associados a uma maior receptividade da criança perante estímulos físicos, sociais e simbólicos contribuindo para um maior poder de investigação, manipulação, elaboração e imaginação.Pelo que contribuiam para um correcto e saudável desenvolvimento das crianças.
Este artigo foi baseado num trabalho que eu e o meu grupo de trabalho composto por Marta Ferreira, Vasco Quaresma e Miguel Montenegro realizámos na cadeira Psicologia de Desenvolvimento I.

 Timidez

Através do site http://www.timidez-ansiedade.com/, sabe-se que mais de 40% da população geral sofre de algum tipo de timidez e que mais de 90% apresenta ou apresentou nalgum momento da sua vida. A timidez difere da fobia social onde existe pânico, não sendo considerada um transtorno mental, não está inserida no DSM (Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais) nem no CID ( Classificação Internacional de Doenças). Não estando relacionada com a falta de realização pessoal, interfere na qualidade de vida da pessoa em questão. Podendo estar associada à dificuldade de falar em público, participar em actividades de grupo, praticar desportos colectivos, dizer ou escrever o que pensa, estabelecer posição de autoridade, divulgar o seu ponto de vista, entre outros aspectos. No entanto, nunca se deve, neste ou noutros casos rotular uma criança de "tímida" pois o efeito pigmalião, efeito associado às nossas expectativas e percepção da realidade, pode induzir directa ou indirectamente o reforço deste tipo de comportamentos.
Esta está então relacionada com um padrão de comportamento em que a pessoa exprime pouco os seus pensamentos ou sentimentos e que não interage activamente, podendo estar associada a vários factores: educacionais, sociais e até biológicos. Pode ser visível desde a infância nas crianças que são ditas de temperamento lento tendo como características: nível de actividade reduzida, retiro perante situações novas e em crianças que geralmente necessitam de mais tempo para se adaptarem a situações novas. No entanto, apesar do senso comum induzir a ideia de que uma criança tímida será sempre assim, tal não é partilhado por um grupo de investigadores da Universidade de Maryland nos Estados Unidos. Anna Buchalla, publicou em Março de 2007, na revista VEJA, um artigo relacionado com estes estudos publicados na revista Current in Psychology Science onde os investigadores referem que é na relação com a mãe que a timidez pode ou não ser favorecida.
  • Durante cerca de um ano, estes investigadores do laboratório de desenvolvimento infantil acompanharam crianças com uma mutação no gene 5- HTT que parece estar relacionado com a predisposição para a timidez e tentaram perceber a evolução destas crianças através de um estudo longitudinal. Um dos coordenadores declarou ser "As mulheres mais solitárias e mais stressadas eram as mães das crianças com maiores dificuldades de socialização".
  • No entanto, existem outros factores que podem contribuir para favorecer a timidez: mães superprotectoras, frequência da creche ou permanência constante com a mãe.
As mães, sendo o primeiro e principal modelo de socialização dos filhos, devem ter especial atenção às suas capacidades, aos seus limites e incentivar para a socialização ainda que sempre respeitando os limites da própria criança. Isto é, pode incentivar a brincar com as crianças da sua escola mas ainda assim não é necessário dar-se com todas elas se ele não o pretender, tal só causará ansiedade e ainda maior retraimento da criança por achar que não corresponde às expectativas. O ideal será incentivar uma criança a ser nem muito timida nem excessivamente extrovertida, consequentemente teremos um adulto consciente, atento aos outros, responsável e menos impulsivo. Outro aspecto importante que pode ou não estar relacionado com a timidez é a auto-confiança. Vários são os casos em que as crianças têm uma auto-percepção negativa de si e consequentemente isso reflecte-se não só na sua relação consigo como com os outros sendo por isso importante trabalhar ambas as vertentes. Outro dos aspectos a ter em atenção é o super-ego, intância psiquica associada à moralidade e valores da sociedade. Um super-ego demasiado rigido e inflexível pode tornar a criança demasiado restringida e perfecionista dificultando as suas relações.

Inveja

Defenição
Napoleão Bonaparte afirmava que "A inveja é um atestado de inferioridade" e que portanto reflectia de certo modo alguma incapacidade física ou psicológica para atingir algo que alguém conseguiria. Este é um sentimento associado ao egocentrismo e à aversão em relação aquilo que a outra pessoa tem e a própria pessoa não tem, podendo ser a nível material ou pessoal (características da personalidade). É fruto de uma comparação originando o sentimento de inferioridade em que pessoa ao concentrar-se na outra esquece o seu próprio progresso e faz a sua vida em função dos outros. Acaba coordenando as suas acções em função disso e revela uma insatisfação consigo mesmo. O mais prejudicado é a própria pessoa e não a outra que é alvo das criticas e do vanglorear de quem inveja. A nível psicológico pode estar associado a factores como a educação, auto-estima, controlo e segurança pessoal podendo ser um sentimento extremamente destrutivo, que não produz mudanças e que "anestesia" o póprio crescimento pessoal.
Inveja entre irmãos ou pessoas próximas
Pesquisas demonstram que 62% dos invejosos vêm da própria família, no caso de inveja entre irmãos, 11% em rapazes e 51% em meninas. A própria educação e personalidade da criança pode fomentar a inveja. Ainda assim, os principais motivos de inveja intrafamiliar são: partilha de amor (p.e no caso da partilha de amor da mãe para a criança e para o seu companheiro ou aquando do nascimento de uma nova criança), aspecto físico, psicológico e ainda aspectos materiais. Muitas vezes quando nasce uma nova criança na família e existe um irmão mais velho este tipo de sentimentos surgem e é necessário que a criança perceba que apesar de existir um novo membro e de ele nesta altura necessitar de mais apoio, que o seu lugar na família ainda é importante (p.e. incentivar na participação das tarefas de cuidado do novo bebé, revelar aspectos que comparem o seu nascimento ao nascimento dele, promover actividades positivas para ambos nomeadamente através de jogos e brincadeiras).
Mecanismo de defesa
Ramón Cajal, considerado o pai das neurociências refere que "A inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la". De facto, o sentimento de inveja é um dos sentimentos mais primitivos e mais negados por todos. Em psicánalise a inveja está muitas vezes associada ao mecanismo de defesa de formação reactiva. Este é um mecanismo no qual as atitudes psíquicas são de sentido oposto ao desejo recalcado, isto é, quando as pessoas dizem que não se interessam que determinada pessoa tenha aquele bem ou seja de determinada maneira e estão a recalcar uma vontade intensa de ter ou ser o mesmo. Isto acontece porque a inveja pode ser sentida pela própria pessoa como algo socialmente inaceitável e portanto para eliminarem esse desejo constroem barreiras mentais contrárias ao verdadeiro sentimento.

Aspectos positivos
A inveja pode estar associada ao progresso quando a pessoa tem uma atitude positiva e encorajadora, geradora de crescimento pessoal. Muitas são as empresas que incentivam a competitividade e paralelamente a inveja para incitar os seus trabalhadores a progredirem objectivos e tornarem-se cada vez melhores. Assim, pode ser considerada como um estímulo para evolução assim seja bem direcionada e o padrão de comparação deixa de ser externo e passa a ser interno.

Visão Optimista



Psicologia positiva

O optimismo é uma expectativa positiva em relação ao futuro e a orientação das acções nesse sentido. Em psicologia, a psicologia positiva é uma área recente que se propõe a avaliar os aspectos positivos, adoptando abordagens baseadas na saúde, emoções positivas, traços de caractér favoráveis e relacionamentos satisfatórios. Sheldon (2001) refere ser "uma visão mais aberta e apreciativa dos potenciais, das motivações e das capacidades humanas".

Esta área apesar de recentemente divulgada, já à muito que havia sido pensada ainda que sem evidências empíricas por psicólogos humanistas como Abraham Maslow, Carl Rogers, Erich Fromm e Carl Jung. Actualmente, encontram-se evidências empíricas claras e que envolvem nomes como o de Albert Bandura, Mihaly Csikszentmihalyi, Barbara Fredrickson, entre outros.

  •  Bandura desenvolveu a teoria da auto-eficácia que se relaciona com a percepção de competência que o sujeito tem em relação a si em determinada tarefa.

  • Csikszentmihalyi, defende a teoria de fluxo que considera que as pessoas são felizes quando estão num estado de concentração tal que se conseguem envolver plenamente numa determinada tarefa, referindo que para isso deve existir um equilibrio entre a habilidades e o desafio proposto.

  • Barbara Fredrickson, professora da University of North Carolina desenvolve estudos relacionados com emoções positivas. Segundo esta psicóloga, as emoções positivas são uma expressão de saúde e sanidade permitindo um florescimento ou expansão cognitiva e comportamental (broaden) e promovem a construção de recursos psicológicos e emocionais (build).As emoções negativas como o medo, raiva e desgosto, levam a comportamentos focados em evitar ou enfrentar a ameaça. E as emoções positivas, por outro lado, aumentam a flexibilidade e a amplitude da cognição e do comportamento. Segundo Barbara Fredrickson, deverá existir cerca de 25% de emoções negativas e 75% de emoções positivas.

  • Na cultura Japonesa todos os indíviduos têm uma ikigai escondida que reflecte o sentido da vida e possibilita a satisfação individual. Thoshimasa, investigador japonês, desenvolveu um estudo que correlaciona o sentido de vida com a longevidade tendo percebido que quem tinha um maior sentido de vida tinha uma menor probabilidade de morrer. Viktor Frankl publicou um estudo sobre prisioneiros em campos de concentração verificando que eram aqueles que tinham um sentido de vida que mais sobreviviam.
Aplicações

Hoje em dia, muitos são os aspectos em que a psicologia positiva intervém e é bem sucedida:

  1.  Saúde física e mental (p.e. ansiedade, stress, procura do sentido da vida em doentes que se encontram em cuidados paliativos). "As pesquisas na área da psicoimunologia têm vindo a mostrar que as emoções negativas como a ansiedade reflectem um decréscimo na eficácia no sistema imunitário, (.) o que aumenta a predisposição para o desenvolvimento de doenças oncológicas, cardiovasculares, e outras." Kiecolt-Glaser, J.K., 1999
  2. Sucesso na escola e trabalho 
  3. Relacionamentos sociais
  4. Prolongamento da vida

Promover optimismo
  • Estabelecer limites claros acerca do que se quer alcançar na vida
  • Estabelecer relacionamentos sociais construtivos e saudáveis
  • Técnicas de relaxamento que promovam bem-estar pleno 
  • Terapia do riso
O poder das palavras



 Influência dos genes, ambiente e comportamento na personalidade
Personalidade

A personalidade é caracterizada por um conjunto de características mais ou menos estáveis que influênciam os aspectos cognitivos, afectivos e comportamentais do indivíduo. De acordo com as diferentes perspectivas, as escolhas das dimensões de julgamento da personalidade variam.
  • Erikson, defensor da teoria psicossocial do desenvolvimento, refere 8 estágios de desenvolvimento da personalidade. Segundo este autor, cada estágio contribui para a formação da personalidade total e caracteriza-se por uma crise básica. Os quatro primeiros que decorrem durante a infância e adolescência são confiança/desconfiança (0-18 meses), autonomia/dúvida e vergonha (18 meses aos 3 anos), iniciativa/culpa (3 aos 6 anos), mestria/inferioridade (6 aos 12 anos). Os últimos três que ocorrem na idade adulta e velhice são identidade/confusão de identidade (12 aos 20 anos-adolescência), intimidade/isolamento (20 aos 35 anos), generalidade/estagnação (35 aos 60 anos) e integridade/desespero (a partir dos 60 anos).
  • Psicanálise que fornece um sistema de descrição estrutural e dinâmico que integra as instâncias psíquicas ego, super-ego e id
  • Behaviorismo e antropologia cultural que insiste na importância da educação
  • C.G. Jung, refere ser a introversão-extroversão a dimensão fundamental
Genes, ambiente e comportamento
Muitas vezes, dentro da mesma família existem traços psicológicos (características da personalidade ou patologias mentais) que parecem persistir ao longo das gerações e que quando comparados com a população geral aparecem em maior frequência, no entanto tal não é suficiente para afirmar que têm origem hereditária.
O ser humano sendo um ser imaturo à nascença possui uma pseudohereditariablidade que permite a influência do ambiente na sua formação. Assim, uma criança nasce inacabada e acaba de se formar tendo em conta as estimulações ambientais que lhe são propostas. Actualmente, os biólogos, consideram sensato dizer os transtornos mentais e os traços psicológicos se devem à interacção dos genes com o ambiente pelo que o fenótipo é a junção de factores ambientais e educacionais a factores de ordem genética.
Para os psicólogos este é um passo importante pois dado o carácter inacabado do ser humano existe plasticidade suficiente para criar ambientes mais saudáveis e harmoniosos. Os factores genéticos passaram a ser apenas predisposições e um ambiente favorável pode promover o desenvolvimento equilibrado.
Como conclusão, a genética/hereditariabilidade parece não ser determinante para o desenrolar da vida de uma pessoa e uma vez que não podemos cuidar os genes, podemos cuidar as condições ambientais ao qual o indivíduo está exposto.

Inteligência e genética
Heisenk referiu em estudos anteriores que cerca de 80% do QI estava relacionado com a genética e era disso que resultava a estratificação da sociedade ao nível da desigualdade de oportunidades. De facto, estudos anteriores revelavam que a hereditariabilidade tinha uma grande influência na determinação da inteligência de um determinado indivíduo. No entanto, tais estudos eram envoltos em vícios metodológicos que os invalidavam (p.e. estudos que correlacionavam os pais e filhos não só envolviam a genética como ainda factores de ordem educacional que não eram contabilizados; estudos com crianças filhas de pais adoptivos que revelavam falta de representatividade populacional). Actualmente, sabe-se que qualquer estudo que fomente a influência quer do ambiente quer da genética não tem validade científica.