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Este blog pertence a uma estudante de psicologia e pretende ser um local onde são colocados textos das diversas áreas temáticas do mundo da psicologia. O seu conteúdo é uma análise pessoal dos diversos temas junto com pesquisas em livros, internet e material académico.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Intervenção Precoce nas Perturbações de Desenvolvimento



A intervenção precoce é hoje um tema actual que se relaciona com áreas tão dispares como a terapia ocupacional, psicologia educacional, fisioterapia, neurologia, neuropsicologia e psicologia clínica. De facto este tema é inerente a uma das mais importantes constatações feitas em neurociências, de que existe uma plasticidade cerebral que nos possibilita moldar o cérebro no sentido de o levar ao melhor desenvolvimento possível numa determinada pessoa.

Inicialmente nascemos com um conjunto de ligações neuronais pré-estabelecidas, sendo estas variadas e em excesso, de tal modo que de acordo com as nossas vivências algumas delas vão permanecendo conectadas mas aquelas que não são vulgarmente utilizadas acabam por desligar e deixam de existir, podendo este processo ser irreversível, no caso de ocorrer relativamente a funções que apenas se podiam adquirir naquela determinada idade. A estes períodos em que uma determinada função tem de ser adquirida senão o processo é irreversível e não mais poderá ser adquirido, chama-se período crítico. Existindo ainda a noção de período sensível que corresponde a um período de tempo no qual existe uma maior predisposição para a aquisição de determinada função mas tal não invalida que mais tarde esta se venha a adquirir, pode é ser mais difícil. Tal relaciona-se com a lei do uso e desuso que corresponde à ideia de que uma determinada ligação neuronal é tanto mais forte/fraca quanto mais/menos utilizada é.

A intervenção precoce baseia-se então nestes pressupostos pelo que o ideal será detectar precocemente os sinais de alarme inerentes às perturbações de desenvolvimento e depois intervir no sentido de evitar que estas ligações cessem ou que mais tarde seja ainda mais complicado fazer determinadas ligações sinápticas, entenda-se ligações entre neurónios que são responsáveis pela comunicação e transmissão de informação de neurónio para neurónio. Deste modo, ao actuar precocemente garante-se que estas ligações se mantêm e que não se apagam para sempre.

Deste modo, nada está definido à partida e as perturbações do desenvolvimento são um mundo a explorar, ancorando-nos nas investigações que são feitas tanto no âmbito da neurologia como no campo da psicologia e na prática de casos clínicos. Há todo um mundo a explorar e os profissionais e os pais podem ajudar a potenciar o desenvolvimento daquela criança, levando a resultados que antigamente eram impensáveis. Neste sentido, importa consciencializar os pais para a importância do diagnóstico precoce, porque mesmo que sejam pequenos detalhes mais vale prevenir do que remediar e se começarmos precocemente a contribuir para que determinadas áreas do desenvolvimento da criança sejam desenvolvidas, conseguimos melhores resultados do que quando pegamos num caso onde a perturbação de base já está presente e até já fez outros estragos inerentes a esta. Por exemplo,  no caso do autismo relacionado com perturbações essencialmente de comunicação e relação, pode incialmente ser detectado por pequenos detalhes como não fazer contacto ocular, não responder ao nome quando a chamamos, não imitar os jogos ou não corresponder às interacções. Se de inicio não for detectado, mais tarde isso poderá envolver danos em termos cognitivos porque não consegue comunicar com o exterior.

Assim, mesmo que tenhamos tendência a dar pouca importância a pequenos detalhes e achemos que estes são transitórios, devemos sempre controlar o desenvolvimento da criança e estar atentos a estes pequenos sinais pois é através deles que se poderá intervir atempadamente e reverter ou minimizar os efeitos de uma perturbação do desenvolvimento. Outro dos aspectos importantes quando se fala em relação a problemas que as crianças têm é a dificuldade que a própria família tem em aceitar estas diferenças que a criança apresenta em relação às outras, por vezes custa a aceitar e os pais sentem-se culpados. Neste sentido, importa explicar aos pais que tal está a acontecer e ajudá-los a lidar com a realidade pois só com o apoio da família é que poder-se-à encontrar o equilíbrio ideal entre os profissionais e a família de forma a trabalharem todos no mesmo sentido e terem resultados mais eficazes.

Concluindo, assim que nasce, toda e qualquer criança tem um mundo de oportunidades e devemos fazer que independentemente das circunstâncias genéticas, as condições biológicas, educacionais, emocionais e sociais sejam desenvolvidas na sua plenitude e as crianças adquiram as competências e capacidades que lhes são possíveis nomeadamente através da intervenção com os profissionais previamente referidos e através da intervenção precoce.

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