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Este blog pertence a uma estudante de psicologia e pretende ser um local onde são colocados textos das diversas áreas temáticas do mundo da psicologia. O seu conteúdo é uma análise pessoal dos diversos temas junto com pesquisas em livros, internet e material académico.



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Políticas educativas do avesso?


Um dos temas que mais me questiono em relação à educação escolar é sobre as políticas de ensino que apelam excessivamente à memorização e aprendizagem de conteúdos iguais para todos os alunos e sempre utilizando as mesmas metodologias independentemente das crianças. De facto muitas crianças até podem gostar de aprender mas depois devido às políticas educativas o modo como são avaliadas vai depender do modo como memorizaram um determinado conteúdo da forma como estava anteriormente estipulada. Ora, tal não é contraditório? Aprender supostamente devia ser um acto positivo que suscite interesse mas o estudar e o memorizar é um acto repetitivo com a intenção de apenas saber os conteúdos para responder no teste sendo que muitas vezes os conteúdos têm que ser exactamente descritos como o professor os ensinou dando pouca margem para a individualidade.

Deste modo, afinal o que importa é saber bem a matéria e memorizar ou, pelo contrário, é compreender, relacionar com o mundo e aplicar. Apesar dos anos passarem ainda continuam a ser os alunos que melhor memorizam aqueles que têm boas notas. Deste modo, parece que ainda que se saiba através de estudos científicos que é importante existir motivação para aprendizagem, aprendizagens significativas relacionando o que vai ser adquirido com o que já se sabe, a grande maioria das práticas educativas são transmitidas do professor para o aluno sem que este compreenda a sua utilidade e com isso adquira motivação pessoal e compreensão prática das mesmas.

Neste sentido, apesar de existirem evidências de que o ensino está maioritariamente a apelar para a memorização e não para uma verdadeira aprendizagem, continua a praticar-se um ensino excessivamente formatizado quer em termos de transmissão de conhecimentos, quer em termos de modos de avaliação. As crianças não são preparadas para o mundo exterior, não sabem aplicar os conteúdos ao mundo real e não conseguem compreender a utilidade de tais aprendizagens. Mais grave ainda, passam grande parte dos seus dias, semanas, anos na escola, sem perceberem muito bem a lógica e o porquê de determinadas matérias.

Depois admiram-se com o insucesso escolar quando o insucesso escolar muitas vezes não é mais do que o reflexo da incompreensão das políticas de ensino por parte dos alunos, o que os impede de sentir prazer em aprender e consequentemente, não se identificam com a escola e acabam por abandonar quer em termos físicos (i.e. absentismo escolar), quer em termos psicológicos (i.e. falta de motivação para estudar). Alguns, com o auto-conceito baixo em termos escolares, ainda vão compensando com o auto-conceito social e fazem grupos anti-escola que faltam às aulas por revolta e sentem-se finalmente integrados ainda que seja na própria desintegração.

Deste modo, considero que a escola deveria ser acima de tudo um local onde as crianças gostassem de ir não só pelos amigos que lá têm mas também pelo que aprendem. Em última instância deveria ser um local que suscitasse a curiosidade porque mais tarde ou mais cedo termina a escola obrigatória e depois de terem completado a escolaridade obrigatória o ideal era continuar o gosto pelo conhecimento e aprendizagem. E, se não são motivados para a aprendizagem e se a escola não se consegue adaptar às crianças, tal torna-se complicado e no fim, nada resta a não ser lamentar o tempo que se passou na escola com aprendizagens que muitas vezes em nada contribuem para o conhecimento do mundo real.

Assim, ainda que em termos teóricos se saiba a importância da aprendizagem ser adequada aos alunos, da motivação como principal força impulsionadora para a aprendizagem, da necessidade das crianças explorarem o meio e terem tempo para si próprias, o que é certo é que se tenta aprisiona-las desde pequenas e formata-las de forma igual quando na realidade todas são diferentes e todas têm interesses, motivações e necessidades distintas que importa ter em conta.

Claro que é bem mais fácil aplicar tudo de igual forma pois poupa energia, tempo e trabalho aos professores mas acaba por não surtir efeitos. De facto, sei que é difícil lidar com a diversidade mas acredito que os professores que têm verdadeiro gosto em ensinar querem realmente ensinar e não apenas transmitir conhecimentos de forma oca que depois são igualmente avaliados de forma oca. Assim, considero que o essencial é passar atitudes e valores de aprendizagem que tornem as crianças curiosas, tenham avidez em aprender e sejam  autónomas no processo de aprendizagem.

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