Objectivo do Blog

Este blog pertence a uma estudante de psicologia e pretende ser um local onde são colocados textos das diversas áreas temáticas do mundo da psicologia. O seu conteúdo é uma análise pessoal dos diversos temas junto com pesquisas em livros, internet e material académico.



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Doença mental como libertação


De acordo com a reportagem de hoje na TVI, o sistema nacional de saúde refere existir 23% perturbações mentais sendo 6% consideradas muito graves. Segundo a mesma fonte, 25% dos portugueses toma ansiolíticos ou depressivos e existe tendência para este valor duplicar até 2016. 
Mas mais do que as estatísticas que indicam a prevalência das doenças mentais, é a forma como estes casos têm vindo a ser abordados pelos profissionais de saúde ao longo dos anos. Se antigamente um hospital psiquíatrico era visto como uma prisão, hoje em dia caminhamos para que o internamento seja visto como uma forma de libertação da própria pessoa. A psicopatologia está sempre associada ao sofrimento e a alguma limitação e condicionamento da prática da vida quotidiana e através da prática que progressivamente se tornou humanizada, obtêm-se excelentes resultados na recuperação, e, de uma perturbação mental pode emergir o desenvolvimento pessoal. As técnicas são variadas e existe uma multidisciplinaridade de serviços ao dispor da saúde mental: enfermeiros, terapeutas ocupacionais, psicólogos, psiquiatras, entre outros.
Hoje em dia, existe um desvio da preocupação com a doença para a preocupação com a pessoa em si mesma e com o sofrimento que a sua patologia envolve. Ronald Laing(1972) referia que "É necessário dar voz aos pacientes".
O hospital já não é mais um sítio isolado para onde vão aqueles que por algum motivo passam a linha ténue entre a saúde e doença mental mas sim um local onde a partir da recuperação correcta se acredita fazer progressos reais na vida de alguém. O doente mental já não é separado da realidade e existe progressivamente uma maior integração social dos pacientes. No Hospital Júlio de Matos, por exemplo, existe uma rádio e um grupo de teatro onde os doentes mentais podem intervir. Existe ainda o projecto casas primeiro do professor José Ornelas que é destinado a pessoas sem abrigo, dando prioridade aos doentes mentais, que se encontrem a viver na rua da cidade Lisboa e que oferece uma casa individual  integrada na comunidade. Outro exemplo é a nova residência do Restelo, em funcionamento desde Junho, que possibilitou a passagem das últimas 24 pessoas institucionalizadas, há várias décadas no Hospital Miguel Bombarda, para uma casa integrada na comunidade.
Uma grande parte das doenças mentais estão associadas à sensação de vazio, ausência de sentido para a vida e falta de sentimento de pertença. Se assim é, esta era de facto uma progressão necessária para o ciclo de recuperação da doença mental. Agora que começamos a percebe-la, existem progressos claros na humanização do tratamento dos doentes psiquiátricos e se existe maior prevalência da doença mental, existe também uma forma mais digna, ética e profissional de lidar com o sofrimento psicopatológico.





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