Objectivo do Blog

Este blog pertence a uma estudante de psicologia e pretende ser um local onde são colocados textos das diversas áreas temáticas do mundo da psicologia. O seu conteúdo é uma análise pessoal dos diversos temas junto com pesquisas em livros, internet e material académico.



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Meios de comunicação- tentativa para os tornar pessoais

Os meios de comunicação ainda que de forma sublime, são uma poderosa ferramenta que nos posiciona e  orienta em relação a determinados assuntos relativos ao mundo que nos rodeia. Ainda assim, ao longo dos anos a importância dada a estes meios foi sofrendo um aumento constante e preocupante.
Antigamente as pessoas utilizavam a rádio e existia a possibilidade de imaginação e divagação acerca do que era dito. Hoje, a televisão é o meio de comunicação que vigora e é também aquele que transforma substancialmente os nossos dias. A informação já não nos chega apenas pela audição mas também pela visão dando-nos poucas possibilidades imaginativas acerca do que é dito, são dadas diferentes perspectivas em relação a determinado assunto por diferentes pessoas.
Dado o carácter de aparente impessoalidade, rapidamente se adaptaram à nossa forma de viver e cada vez existem mais programas ditos familiares adaptados aos idosos (programação da manhã e da tarde) ou ao público jovem (talk shows, geralmente à tarde ou à noite). Utilizados de forma correcta podem ser uma fonte de informação, mas muitas vezes dada o seu carácter pessoal, são formas de companhia ilusória de uma sociedade que cada vez mais a procura.
É preocupante o carácter pessoal de um televisor. As relações interpessoais ainda que possam ser fruto de incertezas são sempre mais produtivas, genuínas e verdadeiras. Numa sociedade onde todos parecemos ansear por algo que ainda não temos mas que corremos à procura, sentimo-nos sozinhos. Esta perspectiva faz-me relembrar o antropólogo Francês Marc Augé e os "não-lugares". Este autor considera não-lugares um espaço de passagem que não é relacional, identitário, nem histórico (p.e. autocarro, estação de comboios, centros comerciais, determinados cafés). Para ele quanto maior é a cidade, mais não-lugares existem. De facto, se analisarmos a realidade à nossa volta verificamos que passamos grande parte do nosso dia rodeados de não-lugares que não contribuem para a nossa identidade e para o nosso sentimento de pertença.
Nas famílias portuguesas, onde o nível monetário é tão importante os pais passam o dia em não-lugares numa procura de melhores condições para os filhos. Quando chegam a casa e poderiam estar em familia, facilmente se prendem aos meios de comunicação (ex: televisão, telemóvel) e continuam na ausência de sentido, tornando cada vez a  relação familiar mais burocrática e menos relacional.
A tomada de consciência é a atitude fundamental para a mudança de comportamento mas dado o carácter pessoal dos meios de comunicação esta tomada de consciência tarda e retarda as relações interpessoais. Hoje, os telemóveis têm funcionalidades cada vez mais interactivas, os jogos de computador são cada vez mais apelativos e a internet possibilita contacto em tempo real com o mundo (até podemos ver a outra pessoa através da webcam). Tudo nos é dado sem qualquer esforço, esforço esse que as relações interpessoais requerem. No entanto, o termo "deprimido" é cada vez mais utilizado e a solidão rodeada de pessoas é cada vez mais vulgar, daí que se deva perceber e reflectir acerca do poder que tais meios têm de enfraquecer as nossas relações sociais.

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