Objectivo do Blog

Este blog pertence a uma estudante de psicologia e pretende ser um local onde são colocados textos das diversas áreas temáticas do mundo da psicologia. O seu conteúdo é uma análise pessoal dos diversos temas junto com pesquisas em livros, internet e material académico.



sábado, 17 de setembro de 2011

Segundos fatais e união entre as pessoas

O 11 de Setembro em Nova Iorque, a queda da ponte Entre-os-Rios, os prisioneiros das minas do Chile e outras tantas catástrofes mundialmente conhecidas, são momentos de crise onde estamos habituados a ver pessoas na sua integridade a livrarem-se de preconceitos e a agirem de forma humana.
É fantástico o modo como rapidamente a arrogância e superioridade que nos caracteriza se desvanecem em momentos em que apenas a vida ou a morte está presente. Quer durante, quer após o acidente as pessoas que por ele passam unem-se e conseguem através da criação de objectivos comuns (p.e. alimentação, prestação de auxílio, limpar as ruas) agir em prol do grupo.
São criadas formas de resolver o problema eficazes e posteriormente são formados grupos de união tal que funcionam como verdadeiras comunidades terapêuticas. Nos impactos de grande massa ou nos de menores dimensões onde o trauma associado ao acidente está presente, a ajuda da partilha de experiências e a orientação de um profissional de saúde mental parecem facilitar ultrapassar todo o desgaste psíquico associado.
Assim, parece que somos programados para a cooperação e solidariedade mas que nem sempre a cultura competivista permite a sua manifestação. Nos casos em que todo um país sofreu podem inclusivé existir notórias diferenças na cultura. Por exemplo, os Estados Unidos, sociedade maioritariamente individualista e despreocupada parece ter-se transformado num agregado de pessoas mais atentas e solidárias desde o atentado. Parece portanto, existir uma cultura social no verdadeiro sentido da palavra, que se pode ser activada aquando de catástrofes, pode sê-lo em qualquer outra altura.
Em Portugal, mais que uma crise a nível económico existe uma crise a nível moral e ético. A violência, o desrespeito e a falta de compreensão pelos outros parece ter crescido fortemente. Yves de La Taille, psicólogo que investiga na área do desenvolvimento moral refere que esta é uma situação paradoxal “De um lado, verificamos um avanço da democracia e do respeito aos direitos humanos. Mas, de outro, tem-se a impressão de que as relações interpessoais estão mais violentas, instrumentais, pautadas num individualismo primário, num hedonismo também primário, numa busca desesperada de emoções fortes, mesmo que provenham da desgraça alheia”.
O poder económico passou a ser excessivamente valorizado e os valores sociais passaram para segundo plano. Numa entrevista feita por Diogo Dreyer, La Taille exemplifica "se o projeto de vida de alguém for, como é frequente hoje em dia, ter muito dinheiro e poder, esse alguém tende a ver as outras pessoas como adversários (o dinheiro não dá para todos) ou como súditos de seu sucesso. Nos dois casos, são instrumentos de seu projeto. Manipula-os quando necessário, elimina-os quando não pode manipulá-los. Eis a violência instalada. Muitos valores presentes na sociedade contemporânea levam a relações fratricidas, e a violência no interior da própria comunidade passa a ser vista como modo inevitável de convívio e qualidade dos “fortes”."
Concluindo, acredito que todos os momentos de crise trazem consigo alguma forma de progresso e talvez seja isso que vá acontecer a Portugal, primeiramente a nível moral e posteriormente a nível económico.


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